Veganos usam internet para achar par compatível
Quando se tornou vegetariano, o programador Rodrigo Albornoz queria conhecer mais gente que fizesse as mesmas escolhas e tivesse os mesmos interesses que ele. Assim surgiu a ideia de fundar o Loveg – um site de relacionamentos destinado a promover o encontro entre pessoas veganas e vegetarianas. Fundado no dia 1º de novembro de 2014 – data em que é comemorado o Dia Mundial do Veganismo –, o site tem mais de 13 mil usuários cadastrados no país.
“O Estado que tem mais usuários é São Paulo, seguido pelo Rio de Janeiro e, depois, por Minas Gerais. A faixa etária predominante é a de adultos jovens, entre 20 e 35 anos. A maioria dos usuários são mulheres”, conta Albornoz.
O acesso ao Loveg é gratuito e pode ser feito por computador, tablet ou aplicativo no celular. A rede social vegana permite encontrar pessoas de acordo com as preferências do usuário, que vão muito além da alimentação. “Assim que a pessoa informa seus dados, o site já mostra os perfis compatíveis. Além disso, o usuário pode limitar em quilômetros a distância de busca de pessoas, e todas as informações são filtráveis (idade, estado civil, religião, posição política, filhos ou não”, explica Albornoz.
Casamento através do site – Depois de se tornar vegano, há quatro anos, o pedreiro refratário Thyago Motta, 30, conta que ter uma parceira que tivesse adotado o mesmo estilo de vida se tornou uma prioridade para ele. “Tentei criar na minha mente alguns universos de namoro com pessoas carnistas, mas não dá. Moralmente, nunca encaixou na minha cabeça. Não como nem macarrão que pode conter traços de ovos e leite, e aí vou beijar a boca de alguém que pode conter ‘defunto’?”, questiona.
O encontro com a funcionária pública Gracielle Dias, 35, que depois resultou em casamento, veio pelo site. “Se um dia a gente terminar, não sei se vou me relacionar com um não vegano, provavelmente não. Acho que me tornei vegansexual”, diz Gracielle.
Outra iniciativa que tem feito bastante sucesso para promover o encontro entre almas gêmeas veganas utiliza a rede social Facebook. Na plataforma, um grupo chamado Crush Vegan tem quase 5 mil membros. E logo na descrição há o aviso: “Que a pegação verde comece! Chamem os amigos!”.
O grupo é fechado, ou seja, só membros podem ver os posts. Dessa forma, para conseguir participar, é preciso responder a algumas perguntas para filtrar quem entra. Caso não sejam respondidas, o pedido não é aceito. “Você é vegano ou vegetariano? Há quanto tempo? O que fez você mudar sua vida dessa forma?” são algumas das questões avaliadas pelos administradores do grupo.
O biólogo Rafael de Castro Faria, 35, já recorreu aos grupos no Facebook, ainda sem sucesso. “Atualmente, estou num relacionamento ‘enrolado’ com uma pessoa vegetariana, e até tem dado certo por isso, mas estou procurando alguma vegana mesmo para firmar”, diz. Na avaliação do biólogo, ainda existe muito preconceito, por isso os grupos têm dado certo. “Todo mundo tem alguma história sobre alguém que foi meio babaca, fez piadinhas envolvendo carne quando contou que era vegano (ou vegetariano) pela primeira vez. Então, o objetivo dessas comunidades é, pelo menos, evitar essa parte”, diz.
Ele conta que, em seus últimos relacionamentos, percebeu que, se a pessoa com quem ele está saindo não come carne, as chances de o namoro dar certo são maiores. Vegano há cinco anos, Faria não se considera vegansexual. “É a mesma coisa de você parar de fumar e se envolver com uma pessoa que fuma. Enfim, você sempre vai ficar com um pé atrás. Mas, quando a menina é vegana, aí já me apaixono, já tem metade do caminho andado, o resto a gente arruma (risos)”, afirma.
Ativista avalia como negativo o uso do termo
A representante do site Veganismo Brasil – um dos mais ativos na divulgação da filosofia no país –, Laura Kim, diz desconhecer a categoria dos “vegansexuais”. “O conceito de veganismo foi criado em 1944 na Inglaterra e preconiza que os adeptos têm que excluir alimentos de origem animal da dieta, mas também de outros produtos e do trabalho – obviamente um vegano não vai trabalhar vendendo animal ou numa atividade similar. Essa definição é registrada pela Vegan Society e aceita até hoje. Qualquer outro nome é invenção de comunidade”, afirma.
Laura, que diz não usar nada de origem animal há 15 anos, critica o propósito do termo. “Isso vai contra o movimento vegano, que também espera levar informação para quem não conhece”, afirma. Para ela, a atuação dos vegansexuais pode ser negativa para o movimento. “Espero que essa moda não pegue, pois pode deixar uma marca negativa para o veganismo. A ideia não é nos restringirmos a nós mesmos, pelo contrário, os animais precisam muito da gente”, defende.
Até por uma experiência pessoal, a especialista, que dá aulas de culinária pelo Brasil todo, diz que costuma observar outro fenômeno. Segundo ela, é mais comum que pessoas veganas ou vegetarianas acabem influenciando os parceiros, quando eles são carnistas. “Tive um namorado que antes era conhecido como ‘rei do churrasco’. Nós terminamos há dez anos, e até hoje ele é vegetariano”, conta.
Além disso, diz Laura, nos últimos anos, tem se expandido muito a quantidade de festivais de comida vegana no Brasil inteiro, e isso facilita o acesso e o conhecimento sobre o veganismo. “Se você restringe as amizade e os relacionamentos afetivos, você não vai estar difundindo a proposta do pensamento vegano, que é minimizar a exploração animal”, completa.
‘Quem come carne não faz amor’, polemiza ONG
Algumas pesquisas já mostraram que pessoas que se alimentam de carne, ovos e laticínios têm maior propensão a ter colesterol alto e hipertensão, além de ter diminuição do fluxo de sangue pelas artérias e da irrigação de órgãos, inclusive os genitais – situações que atrapalham o desempenho sexual. Outros estudos, por sua vez, também já mostraram que alimentos como tofu e vegetais influenciam nos níveis de hormônios, por exemplo, aumentando o estradiol, conhecido como o “hormônio do sexo”. Pegando esses exemplos, a Peta, maior associação de proteção dos direitos dos animais no mundo, divulgou recentemente uma campanha com o slogan “Quem come carne não faz amor”. A peça deu o que falar.
De acordo com o nutrólogo Guilherme Ferreira Mattos, cientificamente, o consumo aumentado de gordura no geral pode levar, sim, a esses fatores, mas outras variáveis devem ser levadas em consideração, por exemplo, um paciente que consome muito sódio e é sedentário. “Ser saudável não é sinônimo de ser vegano”, diz.
“Outra coisa que tem que se tomar muito cuidado é que o paciente vegano tem que ser muito bem acompanhado e instruído, porque ele tem que tirar de outras fontes a quantidade necessária de proteína, seja com suplementos ou alimentos ricos em proteínas vegetais”, complementa.
Fonte : Jornal O Tempo
Por um Mundo melhor,sem dor e sofrimento animal.
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