Brasileira ganha importante prêmio por modelo que substitui animais em teste
Lauren Dalat, mestranda em farmácia pela Universidade Federal de Goiás (UFG), conquistou o Lush Prize 2024 em Londres, recebendo 10 mil libras esterlinas (aproximadamente R$ 69 mil) pelo feito. Aos 25 anos, Lauren se destacou na categoria Jovem Pesquisador com um projeto que propõe substituir testes em animais na indústria de cosméticos por um modelo utilizando células-tronco de dentes humanos.
O Lush Prize é o maior fundo global no setor de testes em animais, que oferece 250 mil libras esterlinas (mais de R$ 1,7 bilhão) para apoiar iniciativas que substituem ou acabam com esse tipo de testes, abrangendo cinco categorias principais: Ciência, Educação, Conscientização Pública, Lobbying e Jovem Pesquisador/a. E, desde 2012, ainda destaca três reconhecimentos especiais: o Prêmio Andrew Tyler(para contribuições excepcionais para a erradicação dos testes), Colaboração Científica Relevante e Realização Política.
O Lush Prize deste ano integra a campanha lançada pela empresa inglesa Lush (que produz cosméticos frescos feitos à mão), Fighting Animal Testing (Lutando Contra a Experimentação Animal, em tradução livre). O troféu tem o formato de um coelho, um dos animais mais utilizados em testes nos laboratórios.
A pesquisa de Lauren demonstrou que as células-tronco dentárias podem ser usadas para identificar substâncias em cosméticos que causam malformações congênitas em bebês, oferecendo uma alternativa mais confiável e ética aos métodos tradicionais. “Para a proposta do Lush Prize 2024, combinamos o modelo 3D de pele com esferas derivadas de células-tronco para verificar se a aplicação tópica de cosméticos pode causar algum dano a essas esferas”, explicou Lauren ao site do CRF de Sergipe.
“Os testes em animais são caros, trabalhosos e nem sempre precisos. Nossa pesquisa oferece um método mais realista e ético, em linha com as novas regulamentações brasileiras que incentivam métodos alternativos”, falou.
Em 2024, Lauren Dalat foi a única brasileira a vencer em uma das categorias do Lush Prize. Ao todo, foram 14 projetos vencedores de nove países diferentes.
“Sempre gostei muito de animais e atuei em diversas causas, então consegui unir o útil ao agradável. Uma colega sempre diz que consegui juntar o amor pelos animais com a pesquisa, que também é algo de que eu sempre gostei”, contou.
Testagem mais realista e sem animais
Promulgada em 23 de fevereiro de 2023, a Resolução nº 58, do CONCEA – Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal, proibiu o “uso de animais vertebrados em pesquisa científica, desenvolvimento e controle de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes que utilizem em suas formulações ingredientes ou compostos com segurança e eficácia já comprovadas cientificamente”. Por isso, a busca por alternativas para as indústrias tem sido incessante.
“Acredito que, aqui no laboratório, abordamos duas questões: o aspecto ético, porque não faz sentido submeter um animal a um ensaio com baixa predição, e a obtenção de respostas mais fidedignas usando linhagens celulares e cultivos primários de células humanas, em vez de animais”.
Lauren explica que os dentes e a pele utilizados em seu modelo de testagem podem ser obtidos por meio de doações voluntárias, de doadores saudáveis de pessoas de 5 a 30 anos. “A pele, por exemplo, pode ser doada após remoção cirúrgica do excesso de pele”.
“A partir de um dente, é possível extrair células-tronco da papila, do ligamento e da polpa. Como extraímos essas células dos explantes (fragmentos do tecido), é possível cultivar várias garrafas a partir de uma única amostra”, explicou Lauren.
Assista ao vídeo:
Fontes: Exame.com e Conexão Planeta