A “Invasão Vegana” no mercado brasileiro
A Veja Rio publicou uma matéria sobre o crescimento do mercado de produtos veganos, no Brasil. Diz a revista que não há crise nesse mercado que evita a exploração de animais e cresce 40% ao ano.
Estima-se que já existam 5 milhões de veganos no país. Pesquisa realizada em janeiro deste ano constatou que 63% dos brasileiros pensam em reduzir o consumo de carne e 73% se sentem mal informados sobre como ela é produzida.
Enquanto isso, a procura pelo termo “vegano” no Google cresceu 1000% no país entre 2012 e 2016. Simpatizantes da causa ou apenas atentos à demanda crescente, empresários vêm investindo alto nesse promissor nicho de mercado.
Segundo o SindRio (Sindicato de bares, hotéis e restaurantes) dos mais de cinquenta estabelecimentos voltados para esse público em funcionamento no Rio, trinta foram inaugurados nos últimos três anos e prosperam.
É o caso do Org Bistrô, aberto em 2011 e que há três meses dobrou o tamanho do salão para acomodar a clientela. “As filas de espera chegavam a duas horas aos sábados”, comenta a chef e proprietária Tati Lund.
A rede carioca Hareburger, pioneira no ramo de hambúrgueres sem carne, está adaptando todo o seu cardápio ao conceito vegano, abolindo também queijo, leite e mel.
“Ao longo dos anos, os itens sem nenhuma proteína de origem animal foram ganhando mais espaço. Foi uma evolução natural”, afirma o sócio-diretor Marcos Leite, ex-executivo da Mundo Verde, que começa a adotar o modelo nas casas cariocas nos próximos meses e calcula para a rede um faturamento de R$ 11 milhões em 2017. Seu plano é chegar ao fim de 2018 com trinta lojas.
O Açougue Vegano, há apenas sete meses no Shopping Uptown, na Barra, Zona Oeste do Rio, contabiliza 300% de crescimento.
“Nosso esforço é para manter os produtos com preço e sabor equivalentes aos de proteína animal”, conta Celso Fortes, sócio da empresa que está presente no Rock in Rio com sua coxinha de jaca, um dos carros-chefes. Em outubro, a marca chega a São Paulo e em novembro ganha uma filial na Zona Sul, já se acumulando 140 pedidos de franquias pelo Brasil.
“Eu acho que o veganismo vai se tornar a principal fonte de alimentação no mundo. O que faltava eram opções saborosas”, acredita Fortes.
A projeção da Lux Research, empresa americana de pesquisa, é que, em até 37 anos, um terço das proteínas consumidas no mundo seja de origem vegetal.
A Nutrikéo, instituição francesa de consultoria em estratégias alimentares, calcula que o setor vai movimentar mais de R$ 35 bilhões em 2018. O filão vem chamando atenção até dos grandes conglomerados carnívoros.
A Tyson Foods, segunda maior indústria de carne processada do mundo — só fica atrás da JBS —, comprou no ano passado 5% da Beyond Meat, empresa especializada em proteínas vegetais que imitam o sabor tradicional. Além de estabelecimentos de comida, começam a se multiplicar as feiras de arte, moda e gastronomia de temática vegana, como a Veg Borá, que desde julho de 2016 faz edições mensais e da Feira Vida Liberta, com a próxima edição no sábado, dia 23 e no domingo, dia 24, no Downtown, na Barra da Tijuca.
A feira abrigará quarenta expositores de comida, roupas, acessórios e cosméticos. Há ainda o iFood dos veganos: criado em Curitiba, o aplicativo Be Veg deve entrar em operação no Rio no ano que vem.
Segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira, o número de pedidos de certificação de produtos veganos no Rio saltou de dez, em 2014, para 145 no ano passado e deve aumentar ainda mais em 2017.
No setor de cosméticos e maquiagens, a Face It, especializada em batons, com faturamento de 55 000 reais, tem na clientela nomes ilustres como o maquiador Fernando Torquatto e as apresentadoras Julia Petit e Astrid Fontenelle.
“Eu e minha mãe começamos a pensar numa marca de cosméticos naturais sem chumbo nem mercúrio. Pesquisando, ficamos apavoradas com os testes em animais”, conta Julia Barroso, 36 anos. Elas vendem, em média, 200 unidades por mês da maquiagem cruelty free (livre de crueldade, em português), sem componentes como mel e colágeno.
Esse estilo de vida está se popularizando tanto pela cidade que já existe até uma região recém-batizada de “quadrilátero vegano”.
O point está em Ipanema, nos arredores da Rua Aníbal de Mendonça, onde se instalou a loja de roupas Svetlana, da estilista Mariana Iacia. Depois de quase largar a moda, incomodada com o uso de couro por grifes como Jean Paul Gaultier e Moschino, ela foi parar no ateliê da estilista Stella McCartney, nome forte da moda vegana.
Seu endereço fica pertinho de dois estabelecimentos que adotam a filosofia a favor dos animais, o bar Teva e a matriz carioca da rede Empório Veganza, com 500 itens, de produtos de limpeza e higiene pessoal a petiscos, queijos e sorvetes.
Há um ano no bairro, a marca, depois de ter sido convidada, abriu, na última semana, uma loja maior no BarraShopping, com almoço, lanches, jantar, bolos, pizzas e leites vegetais.
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