Atriz da série The Big Bang Theory investe em restaurante vegano
Missão do restaurante é inspirar as pessoas a escolherem um estilo de vida mais saudável, mais verde e mais compassivo
A atriz e neurocientista vegana Mayim Bialik, mais conhecida por séries como Blossom e The Big Bang Theory, recentemente se tornou coproprietária do restaurante vegano Bodhi Bowl em Los Angeles (EUA), fundado por seu amigo, o chef Ali Cruddas.
Em entrevista ao Haute Living, ela revelou que o conhece há 20 anos e que Cruddas sempre quis abrir um restaurante de fast food vegano, mas voltado à alimentação saudável.
Segundo Mayim, todas as opções no Bodhi Bowl podem ser personalizadas de acordo com o gosto do cliente, e que os preços são razoáveis considerando a localização – Centro de Los Angeles. Entre os pratos oferecidos estão sanduíches, wraps, sopas e bowls.
De acordo com o Bodhi Bowl, a missão do restaurante é inspirar as pessoas a escolherem um estilo de vida mais saudável, mais verde e mais compassivo por meio da alimentação baseada em vegetais.
Toda vez que um animal é mantido cativo para dar origem a um produto, ele sofre
Mudança gradual – Mayim Bialik se tornou vegetariana aos 19 anos e mais tarde aderiu ao veganismo. Em entrevista ao Vegetarian Times, ela contou que começou a sentir aversão ao gosto de carne e simplesmente parou de comer.
“Então meu profundo amor e respeito pelos animais começou a ter grande peso em minhas decisões. Eu tinha uma sensação inata de querer ser vegana, mas eu precisava de mais informações. A mudança foi gradual, o que me permitiu pensar em cada passo”, explicou.
A transição aconteceu em 1994, e mesmo ainda consumindo ovos e laticínios, ela percebeu como as pessoas consideravam estranho alguém se alimentar dessa forma em um país como os Estados Unidos, onde a dieta padrão já elevava a carne a alimento essencial.
“Minha mãe ficou irritada porque ela teve que se adaptar aos meus ‘estranhos hábitos’. Meu pai pensava que isso significava consumir apenas nozes, e eu não conhecia restaurantes vegetarianos. Naqueles dias, eu comia muita salada, batata-frita e macarrão”, relatou no artigo “Yes, there is a jewish connection to my veganism”, publicado no Kveller em 14 de outubro de 2015.
Por outro lado, ela reconheceu que sua mãe era uma mulher bastante progressista em seu tempo, e costumava preparar misturas crudívoras. Por isso, diferentemente de um lar comum ao padrão estadunidense, com cereais açucarados, ela se recorda que consumia rotineiramente alimentos naturais na infância. “Fui criada com muito disso, mas nunca apreciei, até que me tornei uma mãe”, disse ao Vegetarian Times.
Saúde – Ela contou que com 19 anos não queria comer animais de modo algum, e chegou a se desesperar na busca por um meio de não fazer isso. Com o tempo, ganhou uma compreensão mais ampla de outros aspectos do veganismo. “Depois de cortar a maioria dos laticínios na faculdade, minha saúde melhorou significativamente. Não tive mais alergias sazonais. Não tive que tomar mais antibióticos nem tive mais crises por causa da sinusite”, admitiu em entrevista a Esther Sung, do Epicurious.
Quando o primeiro filho da atriz nasceu, ela ainda consumia alguns alimentos com ingredientes de origem animal. Porém, percebeu durante a amamentação que seu filho não tolerava o seu leite, o que significava que Mayim Bialik tinha algum tipo de intolerância. “Continuei evoluindo. Li ‘Comer Animais’, de Jonathan Safran Foer e, depois disso, cortei todos os ovos e laticínios, e resolvi o problema. Sou vegana por questões ambientais, nutricionais, de saúde e ética. É incrivelmente gratificante”, declarou a Esther.
Campanhas – Também foi com o livro de Foer que Mayim, que já participou de campanhas da Peta e da Cruelty Free International, começou a refletir com mais profundidade sobre a criação de animais para consumo humano e também sobre o impacto que isso causa ao meio ambiente. “Isso leva à destruição de terras e recursos sobre os quais estamos começando a ouvir cada vez mais. Tenho aprendido por meio de pesquisas sobre a forma como os animais são sistematicamente tratados e maltratados em fazendas, mesmo aquelas que dizem ser livres de crueldade, em que os animais são criados livremente. Não posso continuar participando disso”, ponderou no artigo “Yes, there is a jewish connection to my veganism”.
Em 2016, ela ficou chocada ao testemunhar uma reação anti-vegana em uma publicação sobre soldados israelenses terem conquistado o direito de pedir botas sem couro, boinas sem lã e refeições veganas: “Eu estava preparada para ouvir muitos comentários contra Israel, mas os comentários que vi eram simplesmente anti-veganos. Muitos diziam ‘este fanatismo liberal está fora de controle’ e ‘Por que estamos atendendo a um bando de aberrações liberais?’”
Para a atriz vegana, exemplos como esse mostram que muitas pessoas ainda não entendem e não se interessam em entender do que se trata o veganismo. Por isso, julgam como mais fácil criticar sem saber quais são as reais motivações.
“Eles não entendem por que veganos não usam lã ou subprodutos animais, mesmo que não envolva matá-los. Vou clarear isso. Toda vez que um animal é mantido cativo para dar origem a um produto, ele sofre. É um ambiente em que não há respeito pela vida dos animais ou dos trabalhadores. Você pode não se importar com a forma como as ovelhas são criadas para a extração de lá, mas é um direito meu me preocupar com isso”, desabafou no artigo “Why do some people hate vegans”, publicado no Grok Nation em novembro de 2015.
E sobre a existência de “fazendas de ovelhas felizes”, Mayim Bialik considera um engodo, ainda mais levando em conta que a maior parte da produção de lã não costuma ser proveniente de “fazendas felizes”. A atriz enfatiza que se vivesse em um lugar frio, provavelmente teria que ser bem criativa sobre como se manter aquecida.
“Mas as pessoas aprendem a lidar com isso. Estou muito assustada com a forma como as pessoas veem os veganos, como uma ameaça ao seu direito de consumir carne em qualquer quantidade, e chegam a tratar a existência e a perspectiva dos veganos como uma afronta aos seus direitos civis”, reclamou no artigo.
Em 2016, ela também publicou um gráfico no Instagram, mostrando uma estatística comprovada por médicos de que a dieta vegana é muito benéfica para pessoas com asma: “Alguém até mesmo optou por não me seguir por causa disso. Há uma pesquisa que comprova como o diabetes pode ser revertido com uma dieta vegana e crudívora. O documentário ‘Forks Over Knives’ discute isso de forma bem ampla, assim como filmes como ‘Fat, Sick and Nearly Dead’ e Vegucated’”, complementou.
Para Mayim Bialik, os custos para o meio ambiente por causa da quantidade de carne, ovos e laticínios que consumimos são reais, e citou como exemplo o surgimento de doenças que estão associadas ao consumo de alimentos de origem animal. “Ter uma sensibilidade geral de criar um mundo livre do sofrimento humano está ligado à bondade em relação aos animais. Há aqueles que continuarão a afirmar que o veganismo é uma tendência elitista irritante, que é culpa de liberais fanáticos, mas optei por ter uma dieta baseada em vegetais para ajudar o nosso meio ambiente, nossa economia, nossa saúde, e nosso bem-estar em geral”, argumentou no artigo “Why do some people hate vegans?”.
Judaísmo e veganismo – Pelo fato de ser judia, ao longo dos anos, a atriz recebeu muitas perguntas sobre como ser vegetariana ou vegana. Ela revelou que normalmente as pessoas querem saber se existe uma conexão entre judaísmo e veganismo. “Na verdade, existe. Por milhares de anos, a importância de respeitar a vida animal e minimizar a dor e o sofrimento dos animais foi parte da tradição judaica. A Torá discute inúmeras maneiras de minimizar a crueldade contra os animais, e enfatiza seu tratamento, incluindo por exemplo, a exigência de que os animais sejam alimentados antes de nos sentarmos para comer. Também discute as relações que temos com os animais e designa os direitos animais como únicos e valiosos”, elucidou.
Por outro lado, há controvérsias, como a questão dos sacrifícios de animais. No entanto, Mayim defendeu que isso já é visto de outra forma no contexto do judaísmo. Além disso, é comum o incentivo à diminuição do consumo de carne. Prova dessa mudança é a existência de vegetarianos, veganos e organizações judaicas que são contrários à exploração animal, e veem o veganismo como um “ideal judaico”. “Uma dessas organizações é a Jewish Veg [anteriormente JVNA]. Desde 1975, eles têm sido uma grande fonte de apoio, receitas e informações sobre judeus veganos. Sou grata pela existência de organizações como a Jewish Veg”, frisou.
Por ser vegana, na páscoa judaica, a família da atriz consome sopas, saladas, chips de couve e couve-de-bruxelas, leite de amêndoas, quinoa e salada marroquina de legumes – uma de suas preferidas para a páscoa. “Atualmente estou mais focada em gorduras saudáveis. Crio muitos queijos de nozes. Os queijos de castanha-de-caju e macadâmia que faço são muito fáceis. Também faço spanakopita [uma torta salgada]. Abacate é o meu alimento favorito, e um dos melhores que você pode dar às crianças”, recomenda. Refeições de fácil preparo e que podem ser congeladas, baseadas em ingredientes para burritos, feijões e arroz, fazem parte do cotidiano da família da atriz.
Questionada sobre como é criar filhos veganos, Mayim Bialik esclareceu que está sempre em busca de um ponto de equilíbrio entre dar informações adequadas à idade deles e deixá-los encontrarem o seu próprio nível de consciência em relação aos alimentos. “Não quero que se sintam superiores nem privados”, garantiu.
Em 2014, a atriz e neurocientista publicou o livro de receitas veganas “Mayim’s Vegan Table: More Than 100 Great-Tasting and Healthy Recipes from My Family to Yours”, lançado pela Capo Books. É uma obra com dicas saudáveis e com uma boa quantidade de receitas fáceis e apresentadas em tom casual.
Fonte: Vegazeta e Site David Arioch