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O que há de errado com os aquários?

O AquaRio, considerado o maior aquário da América do Sul, com cerca de 3 mil animais de 350 espécies aprisionados em 28 tanques, foi inaugurado no último dia 09 de novembro. Apesar de ter também espécies exóticas vindas de outros países, grande parte dos animais estão sendo capturados no Arquipélago das Cagarras, localizado na costa do Estado do Rio. Uma equipe de biólogos e pescadores (incluindo pescadores amadores) é responsável pela captura dos animais do habitat natural para servirem de entretenimento humano.

Veja a reportagem “AquaRio terá animais do entorno das Ilhas Cagarras”.

O que há de errado com os aquários ?

Por Doris Lin (About.com)
Tradução por Vanessa Perez (Agência de Notícias de Direitos Animais)

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Ativistas dos direitos animais são contra os aquários pela mesma razão que são contra os zoológicos. Peixes e outras criaturas do mar, assim como seus parentes terrestres, são sencientes e possuem o mesmo direito de viver livres da exploração humana. Além disso, existe também a preocupação sobre o tratamento dado aos animais em cativeiro, especialmente os mamíferos marinhos.

Aquários e os direitos animais

Do ponto de vista dos direitos animais, manter animais em cativeiro para seu próprio uso é uma violação ao direito deste animal de viver livre da exploração humana, independentemente da forma que ele seja tratado.

Existem algumas pessoas que duvidam da senciência dos peixes e de outras criaturas do mar. Este é um tema importante porque os direitos animais estão baseados na senciência – a capacidade de sofrer. Estudos já mostraram que os peixes, caranguejos e camarões sentem dor.

E sobre os outros animais com sistema nervoso menos complexo? È discutível se uma água-viva ou anêmona pode sofrer mas, é claro, que os caranguejos, peixes, pinguins e mamíferos marinhos sentem dor, são sensíveis e, portanto, ‘merecedores’ de direitos. Alguns podem argumentar que devemos dar às medusas e anêmonas o benefício da dúvida pois não há razão para mantê-las em cativeiro, mas em um mundo onde claramente seres inteligentes e sensíveis, como golfinhos, elefantes e chimpanzés, que são mantidos em cativeiro para a nossa diversão/educação, enquanto o principal desafio é convencer o público de que a senciência é o fator determinante para saber se um ser tem direitos, e os seres sencientes não deveriam estar em zoológicos e aquários.

Aquários e o bem estar animal

Um argumento muito perigoso utilizado por algumas pessoas que defendem o bem-estar animal baseia-se na ideia de que os seres humanos têm o direito de usar animais contanto que eles sejam bem tratados -é o que conhecemos como movimento bem-estarista. No entanto, mesmo do ponto de vista do bem-estar animal, aquários são problemáticos.

Animais em um aquário estão confinados em tanques relativamente pequenos e estes podem ficar entediados e frustrados. Em um esforço para proporcionar ambientes mais naturais para os animais, espécies diferentes são frequentemente mantidas juntas, o que leva os predadores a atacar e comerem seus companheiros de tanque. Além disso, os tanques são abastecidos tanto com os animais capturados ou animais criados em cativeiro. Captura de animais no estado selvagem é cruel, estressante, prejudicial e, por vezes fatal; reprodução em cativeiro também é um problema, porque esses animais vão viver suas vidas inteiras em um tanque pequeno ao invés de em um vasto oceano.

Principais preocupações sobre os mamíferos marinhos

Existem especiais preocupações à respeito dos mamíferos marinhos porque eles são muito grandes e obviamente sofrem vivendo em cativeiros, independentemente de qualquer valor educacional ou de entretenimento que eles possam ter para quem os capturou.

Isso não significa que os mamíferos marinhos sofrem mais que os pequenos peixes, apesar de que isso seja possível, mas o sofrimento dos mamíferos marinhos é muito mais óbvio para nós. Por exemplo, de acordo com a World Society for the Protection of Animals, um golfinho em seu habitat natural nada 64 km por dia, mas as regulamentações dos EUA determinam que as baias dos golfinho devam ter 10 mts de comprimento. Um golfinho deveria nadar em círculos mais de 3.500 vezes todos os dias para simular a distância natural. Quanto às Orcas em cativeiro, a Humane Society dos EUA, explica:

Esta situação “não natural” pode causar problemas de pele. Além disso,o cativeiro é a causa provável do colapso da barbatana dorsal, pois sem o apoio da água, a gravidade puxa esses apêndices muito danoso na idade adulta. Este tipo de colapso são experimentados por todas as Orcas machos em cativeiro, e em muitas fêmeas que foram, ou capturados enquanto jovens ou que nasceram em cativeiro. No entanto, eles são observados em apenas cerca de 1% de orcas na natureza.

E, raramente, mamíferos marinhos em cativeiro atacam pessoas, isso possivelmente seja resultado da síndrome de stress pós traumático, após serem capturados na natureza.

E sobre a reabilitação e educação?

Alguns podem ressaltar o bom trabalho que os aquários fazem: reabilitando a vida selvagem e educando o público sobre a zoologia e a ecologia dos oceanos. Enquanto estes programas são louváveis, eles não podem justificar o sofrimento dos animais no aquário. Se eles trabalhassem como verdadeiros santuários para animais que não poderiam voltar à vida selvagem, como por exemplo um golfinho com uma prótese de nadadeira, não haveria nenhuma objeção ética.

Quais leis protegem os animais em aquários?

No nível federal, a lei de bem estar animal, abrange os animais de sangue quente em aquários, como os mamíferos marinhos e pinguins, mas não se aplica a peixes e invertebrados – a grande maioria dos animais em um aquário. A “The Marine Mammal Protection Act” oferece alguma proteção para baleias, golfinhos, focas, morsas, leões-marinhos, lontras marinhas, ursos polares, dugongos e peixes-boi, mas não proíbe alguém de mantê-los em cativeiro. A Lei das Espécies Ameaçadas abrange espécies ameaçadas que podem estar em um aquário, e se aplica a todos os tipos de animais, incluindo mamíferos marinhos, peixes e invertebrados.

Os estatutos que tratam da crueldade contra os animais, variam em cada estado, e alguns estados podem oferecer algumas proteções para os mamíferos marinhos, pinguins, peixes e outros animais em aquários.

 

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