Melhor levantadora do mundo revela que o segredo do sucesso é o veganismo
Ter habilidade em um fundamento específico no vôlei e alimentação não têm relação. Na teoria. Macris Carneiro é a prova de que “dieta” e desempenho nas quadras têm relação maior do que qualquer um pode imaginar. Desde que ela se tornou vegana, em 2017, a qualidade como levantadora subiu até ela ser eleita a melhor do mundo no quesito.
Macris busca a segunda participação em Jogos Pan-Americanos. Ela já esteve no torneio de Toronto, em 2015. À época da competição canadense, a levantadora não era vegana. Foi o ano de sua primeira convocação para a seleção brasileira.
Nascida em Santo André, cidade ao lado de São Paulo, ela começou a jogar vôlei aos oito anos. A levantadora passou pelo São Caetano, depois pelo São Bernardo, Pinheiros e Brasília, até chegar ao Minas Tênis Clube, em 2017, onde acaba de renovar o contrato por mais uma temporada.
O ano em que chegou ao clube mineiro foi de melhora dentro e fora das quadras. Macris credita a mudança ao fim da alimentação contendo qualquer alimento de origem animal. “No final de 2016, eu quebrei muitos mitos e ideias pré-concebidas que eu tinha sobre alimentação. Junto da inspiração em outros atletas veganos e também ao conhecimento de muitos documentários que mostravam a realidade do que eu sempre ignorei até então, pude ter uma conexão em relação aos animais”, diz.
“E me questionei: por que amar uns e comer os outros? Então, eu percebi que estava tendo uma nova visão de mundo. Ficou cada vez mais clara a necessidade da mudança não só pelos animais, mas também pela minha saúde”, completou a atleta.
“O fato de ela ter se tornado vegana obviamente exige uma disciplina maior, e ela transporta isso para a prática também. Ela é bastante disciplinada com alimentação, com treino e com descanso. Em alta performance é muito importante fechar todos esses fatores, que são preponderantes para desenvolver um bom voleibol”, diz Marinho.
O preparador ainda destaca que Macris praticamente não se lesionou em duas temporadas. “Ela quase não pisou no departamento médico. Os preventivos e todo o trabalho são feitos na academia. E sobre a questão de recuperação, ela se destaca muito em relação às outras meninas. É uma das que melhor se recuperam ao longo de toda a temporada”.
A melhora no desempenho em mais quesitos também foi observada pela própria Macris. “Eu tive muitos benefícios tanto no aspecto físico como psicológico. Eu passei a me ver uma pessoa mais tranquila, mais focada, conseguindo dormir melhor, descansar melhor, e tendo fisicamente benefícios como melhor recuperação muscular depois de treinamento intensos, menor desgaste físico em jogos longos. As dores articulares que eu tinha e inflamações também praticamente zeraram”, argumenta.
Questionada a respeito da alimentação, a atleta afirma não passar por nenhuma dificuldade, inclusive em viagens.
“A alimentação de veganos não é restritiva e nem limitada porque através de uma expansão de consciência que te permita sair daquele modo automático, abre-se na mente um leque de opções já existentes, mas que muitas vezes são ignoradas pelo comodismo ou pela tradição. A minha alimentação é focada nas coisas de origem vegetal, frutas, verduras, legumes, grãos, nozes, castanhas, sementes, e muitas outras coisas. Sempre que viajo para algum lugar, encontro muitas opções veganas com facilidade, além de conhecer novos sabores e diferentes formas de consumir esses alimentos. Percebo que o mercado lá fora está muito preparado”, conta.
Resultados
O Minas foi campeão da Superliga neste ano e Macris ganhou o prêmio de melhor levantadora e melhor jogadora (MVP) do torneio. Além dessas premiações, a atleta conta com cinco prêmios de melhor levantadora em outras edições da Superliga; na temporada 2018/2019 foi eleita a melhor da posição no Campeonato Mineiro, no Sul-Americano, no Mundial de Clubes da China – quando conquistou o posto de melhor levantadora do mundo -, entre outros. Devido ao excelente desempenho dentro das quadras nessa temporada, a atleta ganhou o apelido de “Fada Vegana” nas redes sociais.
Sonho em disputar Olimpíada
Apesar de já estar na seleção brasileira desde 2015, Macris não participou da Olimpíada do Rio, em 2016, mas sonha com a possibilidade de ser convocada para Tóquio 2020.
“Na época eu fiquei conformada, e entendi a escolha da comissão técnica. Afinal, tive a minha primeira participação na seleção no ano anterior. E para uma posição de levantadora, não teria experiência e bagagem necessárias para disputar no ano seguinte. Acredito que participar de Olimpíada seja o sonho de todo atleta. Agora é batalhar e buscar melhora e evolução para essa oportunidade aparecer e aproveitarmos da melhor maneira”, finaliza.
Fonte: Site da Espn