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Paramos de comer carne ou acabamos com o planeta, diz estudo

Em 2016, Leonardo DiCaprio apresentou uma versão assustadora de como o mundo podia acabar se não começássemos a cuidar da Terra. Em “Before The Flood”, o ator dava algumas sugestões de pequenas mudanças que podíamos implementar no dia a dia para inverter esta tendência.

Dois anos depois, um grupo de 23 investigadores defende uma ação radical e imediata. Segundo o estudo, publicado no prestigiado jornal científico “Nature”, o mundo precisa reduzir substancialmente a quantidade de carne que consome. Se isso não acontecer, podemos assistir a um colapso climático global.

Os investigadores explicam, como já tinha acontecido em estudos anteriores, que o consumo de carne e a forma como ela é produzida tem um impacto direto no ambiente e no aquecimento global. Os gases produzidos pelas estufas e pelos próprios animais provocam vários problemas ambientais, como desflorestação, seca e aumento do nível dos oceanos.

Na análise, o grupo estima que a população venha a crescer em cerca de 2,5 mil milhões de pessoas até 2050 e que os rendimentos à escala global tripliquem. Ou seja, haverá consumo maior de carne do que há nos dias de hoje.

No entanto, esta tendência pode ser invertida se a maioria dos países diminuir a quantidade de carne que consome e apostar mais em legumes, leguminosas e outros alimentos cuja produção não prejudique o ambiente.

“Alimentar uma população mundial de dez bilhões de pessoas é possível, mas só se mudarmos a forma como comemos e produzimos os nossos alimentos”, explica ao jornal britânico “The Guardian” o professor Johan Rockström, do Instituto Potsdam para o Estudo do Impacto Ambiental, que fica na Alemanha.

O estudo foi revelado logo após o relatório da Organização das Nações Unidas, que foi publicado na segunda-feira, 8 de outubro, e onde alguns dos maiores cientistas internacionais explicam que, em menos de 12 anos, temos de fazer todos os esforços possíveis para evitar que a temperatura média mundial não aumente mais do que 1,5 graus.

Os investigadores chegaram à conclusão que, se todos os países consumirem menos 75% de carne de vaca, 90% menos de carne de porco e metade do número de ovos, ainda vamos a tempo de reverter a situação. A aposta deve, então, passar por triplicar a produção de feijão e de leguminosas e quadruplicar o consumo de nozes e sementes.

Na mesma investigação, os especialistas defendem que é preciso mudar drasticamente a forma como produzimos as frutas e os legumes. Evitar os fertilizantes químicos, incentivar a produção em países mais pobres e aumentar as reservas de água universais são outros pontos fundamentais.

No entanto, o estudo também nota que, para isso, os governos têm de apostar em políticas que encaminhem os cidadãos para estas escolhas. Educação nas escolas, redução dos impostos e atribuição de subsídios especiais para a produção de alimentos mais sustentáveis e ecológicos são algumas das propostas do documento.

Marco Springmann, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, o responsável pela equipa de investigação, garante que estas mudanças já estão a sendo aplicadas em alguns países. Na Holanda e em Israel, por exemplo, foi limitado o uso de fertilizantes químicos e há um grande controle da água. Nas grandes cidades, a equipe percebeu que os jovens consomem muito menos carne do que as pessoas mais velhas. Mas essa diferença ainda não é acentuada o suficiente.

“Acho que conseguimos mudar, mas temos de ter governos mais pro ativos”, explica Springmann. “As pessoas podem contribuir para a mudança se alterarem a sua alimentação mas também se procurarem os seus políticos para lhes dizerem que precisam de ter melhores leis ambientais. Isso é muito importante.”

Fonte: NIT

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