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Presidente eleito do Brasil anuncia decreto favorecendo caçadores, atiradores e colecionadores de armas

Em uma declaração feita ao vivo de seu Facebook, o presidente eleito do Brasil Jair Bolsonaro afirmou ter um decreto pronto sobre as atividades de colecionadores de armas, atiradores esportivos e caçadores, os chamados CACs:

“Vai dar o que falar também. Está prontinho um decreto sobre os CACs. O que é CAC? Colecionador, atirador e caçador. Ouvimos gente na ponta da linha, essas pessoas, ouvimos gente do Exército, [ouvimos] Polícia Federal. Lógico, já houve choque de conflitos, mas democraticamente eu decidi por vocês. O decreto deve sair na semana que vem”.

A declaração representa motivo de preocupação não só para os movimentos ligados à conservação da biodiversidade e contrários à liberação da caça como para todos os defensores dos direitos animais.

O presidente disse ainda que convidará parlamentares integrantes da bancada da segurança pública para o evento de assinatura do decreto no Palácio do Planalto e ressaltou que a medida vai “facilitar e muito” a vida de colecionadores, atiradores e caçadores.

Não foram fornecidos mais detalhes sobre o decreto, o que abre espaço para especulações e apreensão. Já existe um projeto de lei considerado pró-caça que “cria o Estatuto dos CACs, para dispor sobre o exercício das atividades de colecionamento, de tiro desportivo e de caça, em todo o território nacional”, o que deixa margem para a crença de que essa declaração possa ter alguma novidade não divulgada de início e de impacto considerável em relação ao assunto que não estaria presente no projeto de lei 1.019/2019, conhecido como PL Pró-caça.

O PL pró-caça é o 1.019/2019, de autoria do deputado federal Alexandre Leite (DEM/SP). Na proposta do parlamentar, “é direito de todo cidadão brasileiro o exercício das atividades de colecionamento, de tiro desportivo e de caça, de acordo com o disposto nesta Lei e em seus regulamentos” (artigo 3º).

Somando-se a isso há ainda o fato preocupante de que na campanha em 2018, circulou um vídeo em que Bolsonaro se dizia favorável à caça esportiva para um integrante da Associação Nacional de Caça e Conservação (ANCC). Posteriormente o atual presidente negou ser favorável à caça, alegando que o vídeo foi editado, pois na gravação completa ele estaria falando “somente” de abate de javalis.

O que não o isenta do mal-estar causado pela declaração, uma vez que os javalis são tão dignos do direito â vida como qualquer outro animal.

Mas a sociedade está reagindo e não pretende aceitar a tudo calada: em 26 de março foi divulgado o Manifesto Contra a Liberação da Caça no Brasil, o texto é uma iniciativa do coletivo de ambientalistas e pesquisadores Aliança Pró Biodiversidade (APB) que elaborou um manifesto contra as tentativas de tornar a caça comercial e esportiva práticas legalizadas no Brasil. O manifesto já conta com 400 signatários até o momento.

Proibida no Brasil desde 1967, as iniciativas a favor da liberação da caça não param de crescer a sombra do atual governo. Atualmente, quatro projetos de lei pró-caça estão tramitando na Câmara dos Deputados.

A caça nada mais é que é um extermínio de vidas de seres indefesos de forma covarde e predatória por humanos prepotentes. Os animais ficam expostos e ao bel prazer de caçadores armados têm suas vidas arrebatas e seus corpos expostos como motivo de orgulho e vaidade.

Acreditar e apoiar a diversão ao custo da vida de outro ser é um ato cruel e irresponsável que sinaliza de forma clara e inequívoca a que rumo se dirige nossa sociedade. Lutemos para que esse triste retrato de nosso tempo, que representa um retrocesso, não se consolide.

Fonte: Anda

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