Crianças podem ser vegetarianas? Sim, claro !
A exemplo do Brasil e vários outros países, em Portugal, com cada vez com mais adeptos, o vegetarianismo começa a ser também popular entre os mais novos. As vantagens são muitas e a saúde agradece. Basta apenas que o equilíbrio das refeições seja assegurado.
À medida que aumenta a informação disponível sobre a dieta vegetariana, atenuam-se os receios que costumavam estar associados a esta opção alimentar.
Hoje, sabe-se que a carne e o peixe podem ser totalmente substituídos por alimentos de origem vegetal, desde que haja atenção para evitar carências nutricionais.
Isto mesmo é garantido por diversos pediatras, dietistas, nutricionistas e até pela Direção-Geral da Saúde portuguesa que lançou, em abril, um manual dedicado à alimentação vegetariana em idade escolar.
Seja por razões de saúde ou de filosofia de vida, a verdade é que as famílias portuguesas estão cada vez mais receptivas à adoção de regimes alimentares que excluam produtos de origem animal.
Uma das pessoas que tem contribuído para o esclarecimento acerca deste regime é a jornalista Gabriela Oliveira, autora de diversos livros sobre o tema, e que partilha dicas e conselhos, explica as vantagens desta opção alimentar e desconstrói alguns mitos, ensinando a melhor forma de levar os diferentes sabores aos pratos dos mais novos. (Confira)
Vantagens para a saúde
Em uma época em que a preocupação com a obesidade infantil é crescente, aumentando também a prevalência da diabetes em idades precoces, é compreensível que os profissionais de saúde olhem com atenção redobrada para esta opção, encarando-a como uma boa forma de prevenir doenças.
Segundo várias sociedades científicas como a Canadian Pediatric Society, a American Academy of Pediatrics ou a Academy of Nutrition and Dietetics, as dietas vegetarianas, se forem bem organizadas, permitem o normal crescimento e desenvolvimento das crianças e adolescentes.
O importante no planejamento das refeições é que o equilíbrio seja respeitado e as carências evitadas. Segundo os especialistas, há que se prestar especial atenção à ingestão de proteínas, ácidos gordos essenciais, cálcio, ferro, zinco, iodo e vitaminas B12 e D, com a eventualidade de recorrer a suplementação, caso seja necessário.
Alternativas nas escolas
A maior parte das crianças vegetarianas são por influência dos pais, mas também há casos de algumas que se recusam a comer carne ou peixe por iniciativa própria. Em ambos os casos, a dúvida surge, e na escola, como vai ser ?
Se é certo que a maior parte dos estabelecimentos de ensino não disponibiliza refeições vegetarianas, também é verdade que o panorama tem mudado nos últimos anos.
Mentalidades mais receptivas, nutricionistas integrados nas equipes e introdução de alguns pratos vegetarianos nas ementas são algumas das alterações que têm vindo a registar-se em Portugal.
Algumas escolas, mesmo as públicas, revelam abertura ao ponto de corresponderem à solicitação dos pais. E quando a opção vegetariana não é possível, muitas vezes é dada a hipótese de o aluno levar de casa a sua refeição.
O assunto é de tal forma atual que em março deu entrada na Assembleia da República deste país uma petição pela inclusão de opções vegetarianas em todas as cantinas públicas, nomeadamente, em escolas, universidades e hospitais do país.
10 Dicas para começar a ser vegetariano (e convencer os seus filhos)
Quem quer começar a seguir uma dieta vegetariana, o que deve fazer? E como convencer uma criança a comer vegetais a todas as refeições? As respostas a estas perguntas são mais simples do que se pensa. Sintetizamos aqui algumas das dicas de Gabriela Oliveira partilhadas na entrevista ao Programa Alimentação Saudável:
– Experimente pratos vegetarianos reforçando o consumo de legumes, leguminosas e outros alimentos proteicos, como o tofu e o seitan;
– Se possível, envolva outros elementos da família na oportunidade de melhorar os hábitos alimentares de todos;
-Adquira noções básicas sobre a forma correta de combinar os alimentos e planejar as refeições, de maneira a que sejam equilibradas e completas. Se necessário, procure ajuda junto de profissionais competentes;
-Se optar por uma alimentação 100% vegetariana, tenha em consideração o reforço da vitamina B12, por suplementação ou pelo consumo de alimentos fortificados;
-Para facilitar na hora de preparar as refeições, cozinhe leguminosas em grande quantidade e tenha-as sempre congeladas para estarem prontas a integrar qualquer receita;
-Recorra, quando necessário, a legumes e frutos congelados (ainda que a preferência deva ser dada a produtos frescos, nacionais, biológicos e da época);
-Para cativar os mais novos, procure fazer a versão vegetariana dos seus pratos favoritos. Por exemplo, é possível transformar as leguminosas e os cereais em hambúrgueres, almôndegas, pastéis ou croquetes;
-Recorra ao tofu e seitan para refeições rápidas, até porque são fáceis de adaptar aos pratos tradicionais;
-Pode preparar sobremesas e snacks saudáveis sem açúcar, recorrendo a diferentes tipos de farinhas, frutos e adoçantes naturais, como as tâmaras;
-Prepare pratos saborosos, coloridos e atrativos (tanto para os mais novos como para os adultos) e procure diversificar as refeições para não cansar.
Esteja aberto a novos produtos e sabores.
Fonte: Observador