O mito da soja como alimento perfeito
A soja, já há algumas décadas, é tratada como uma “estrela” no universo dos alimentos tidos como saudáveis. Inúmeros nutricionistas, jornais e revistas especializadas a recomendam. Muitos que se propõem a melhorar a qualidade do que comem começam por acrescentar seus derivados na dieta, de fato acreditando que estão fazendo escolhas mais saudáveis.
A expressão “contém soja” em qualquer rótulo, seja de uma bebida, seja de um biscoito, parece transmitir a noção de que o produto tem tudo o que a sua saúde pode estar precisando. Mas e se toda esta história for apenas mais um mito criado pela indústria (da soja, obviamente) para vender sua produção?
Seria possível que um conjunto de seres humanos crie uma estratégia de disseminação de meias-verdades e propaganda enganosa para vender produtos que trazem, na realidade, mais malefícios do que benefícios?
Nos EUA, até a década de 1920 a soja foi cultivada apenas para uso de seus produtos industriais (sim, óleo de soja era usado como matéria prima para tinta e lubrificante). O bagaço era descartado. Depois, começou-se a destinar o cultivo da soja para nutrição animal, e só recentemente como fonte primária de proteína para a alimentação humana.
No Japão, a média de consumo de soja é de cerca de 8-9 gramas de produto de soja por dia. Isto é menos do que duas colheres de chá (!!!). Novamente, a maioria da soja que se come por lá é fermentada ou precipitada (tofu).
A Proteína Isolada de Soja é um fenômeno da indústria ocidental. Praticamente todos os dados que dão suporte aos benefícios da soja como alimento vem como resultado de estudos recentes promovidos pela indústria agrícola para justificar o novo status da soja como uma “alternativa saudável” para laticínios e carne. Será que são tão confiáveis?
Promovida como uma alternativa “mais do que saudável” para o leite e para a carne, a soja hoje é adicionada em quase tudo. Biscoitos, macarrão, salgadinhos, fórmulas nutricionais para bebês, bebidas prontas, suplementos para atletas.
A verdade é que, a menos que seja preparada da maneira correta, a soja pode ser muito mais prejudicial do que benéfica para a delicada bioquímica do corpo humano.
Sabedoria ignorada
A soja foi utilizada como alimento pela primeira vez durante a antiga dinastia Chou (1134-246 AC), somente após essa cultura ter aprendido a transformá-la em algo biodisponível através do processo de fermentação, que fez surgir alimentos como o missô, o tempê, o nattô e o tamari.
Nunca foi utilizada como substituto para alimentos de origem animal e nem mesmo da maneira excessiva como tem sido propagada nos dias de hoje pela cultura ocidental.
Atualmente, praticamente toda a soja disponível no mercado (93% é o percentual exato, de acordo com o FDA americano) é transgênica – geneticamente modificada para ser resistente à agrotóxicos que matam todas as outras formas de vida, menos a soja, o que a torna ainda mais prejudicial, porém fornece maior lucratividade por metro quadrado.
Independente da discussão sobre o alimento transgênico ser nocivo por si, alimentos geneticamente modificados acumulam em si resíduos de Glifosato (base do pesticida Roundup), um veneno poderoso e assustador. Comer soja transgênica ou produtos de origem animal que comeram soja transgênica (vacas e laticínios, frangos e ovos, porcos, salmão, tilápia) é literalmente comer veneno. Este é um assunto muito sério e não deveria ser descartado como algo menor.
O fato é que existe um elevado conteúdo de antinutrientes na soja que não é devidamente preparada. Antinutrientes são substâncias que interferem na absorção de nutrientes e os drenam do organismo. Seu consumo frequente conduz à deficiências crônicas de minerais. Na soja se concentram substâncias como o ácido fítico e alguns inibidores enzimáticos que bloqueiam a ação da tripsina (uma importante enzima vital), dentre outras enzimas essenciais.
A soja é um dos alimentos com maior quantidade de ácido fítico já encontrados, e ao contrário dos fitatos na maioria dos grãos, os fitatos na soja são altamente resistentes à imersão e ao cozimento. O ácido fítico é largamente estudado por impedir a absorção de minerais como ferro, magnésio, cobre, cálcio e especialmente zinco.
A soja contém também uma substância chamada hemaglutinina que causa aglutinação das hemácias podendo levar a produção de coágulos sanguíneos. O inibidor de tripsina e a hemaglutinina são considerados substâncias inibidoras do crescimento.
Os chineses sabiam disso e, portanto, só consumiam a soja fermentada. A fermentação, realizada por micro-organismos benéficos (probióticos), pré-digere a proteína em aminoácidos e inativa tanto os inibidores enzimáticos quanto os antinutrientes. Desta forma a soja se transforma em um alimento altamente biodisponível, apto ao consumo humano.
Fitoestrogênios – A soja contém naturalmente fitoestrogênios, substâncias que mimetizam a ação do hormônio estrogênio dentro do corpo humano. Quando você ingere uma pequena quantidade dessas substâncias o corpo se adapta sem alterações, mas, em excesso, estes fitoestrogênios causam desequilíbrio hormonal.
A soja geneticamente modificada, além de ser um dos produtos que mais recebe agrotóxicos, contém muito mais fitoestrogênios do que a soja natural. Seu consumo agride o equilíbrio hormonal e pode conduzir à puberdade prematura e a uma série de doenças relacionadas ao excesso de estrogênio no decorrer da vida. A sugestão é não consumir produtos geneticamente modificados de qualquer espécie, e no caso da soja, isso é particularmente difícil.
Pesquisas ainda pouco divulgadas (afinal, não contribuem para a lucratividade da indústria) demonstraram que o uso de soja nas fórmulas de nutrição para bebês pode causar problemas diversos no desenvolvimento da criança, como disfunções na glândula tireóide e danos irreversíveis em seu sistema nervoso, não apenas devido aos seus antinutrientes, goitrogênicos e fitoestrogênios, mas também pela enorme quantidade de alumínio e manganês . Não é contaminação por alumínio em tanques de alumínio, é alumínio encontrado na composição da soja.
Proteína Vegetal Texturizada: Resíduo Industrial
A proteína isolada da soja, presente em suplementos para atletas e em diversos alimentos industrializados, assim como a proteína vegetal texturizada, ou carne de soja, são, sem exagero, venenos tóxicos para o sistema biológico humano.
Proteína vegetal texturizada, ou PVT, a famosa “carne de soja” não é nada mais do que proteína isolada de soja que foi compactada através de um processo industrial de elevada pressão e temperatura. Tão indigesta quanto o isolado de proteína de soja, se não mais, porque esta é muitas vezes adicionada de corante caramelo, substância reconhecidamente cancerígena, e o famigerado realçador de sabor glutamato monossódico, um neurotóxico comum na indústria da comida industrializada – pois é um viciante das papilas gustativas que consegue transformar até mesmo um pedaço de isopor insalubre em algo que é “impossível comer um só”.
Consideremos o processo envolvido no feitio do leite de soja. Primeiramente, com o objetivo de remover alguns dos antinutrientes (mas não todos), os grãos da soja são mergulhados em uma solução alcalina. Esta mistura é então cozida em panelas de pressão gigantescas, algo que desnatura a proteína da soja a tal ponto que a torna algo muito difícil para o corpo digerir. A solução alcalina em que os grãos ficam de molho deixa neles um carcinogênico (cancerígeno) chamado lisinealina.
Portanto, se é absolutamente necessário beber leite vegetal de alguma espécie, que seja o leite de amêndoas, de gergelim, de coco, de castanhas, de nozes, de girassol, de linhaça, de quinua ou, em último caso, de arroz.
E o tofu?
Mesmo produtos fracionados da soja como o tofu trazem consigo alguns inconvenientes, pois herdam os antinutrientes e inibidores enzimáticos, ainda intactos em sua maioria. O processo de feitio do tofu de fato reduz parte do conteúdo de antinutrientes, mas muito deste conteúdo permanece. O ácido fítico permanece intacto.
O problema é especialmente significativo para aquelas pessoas que, sensibilizadas com o absurdo que é a indústria do sofrimento animal, optam por não mais ingerir carne, derivados de leite e ovos e recebem a informação de que precisam suplementar as necessidades de proteína através da soja, passando assim a consumir derivados da leguminosa com frequência e em grande quantidade.
Em 2003 foi feita uma pesquisa, extensamente divulgada pelo Dr. John McDougall, MD, que demonstrou que os fatores de estimulação hormonal da soja podem acelerar em até 69% (30% a mais que os temíveis laticínios) o crescimento de células cancerosas e tumores através da estimulação exagerada de um fator corporal denominado IGF-1 (Insulin Growth Factor). Somente isso, já seria significativo o suficiente para despertar um alerta em relação ao desmedido consumo de soja que tem acontecido.
Mitos e verdades sobre a soja
Mito: Culturas asiáticas consomem grandes quantidades de soja.
Verdade: O consumo médio de soja no Japão e na China é de 10 gramas (aproximadamente 2 colheres de chá) por dia. Asiáticos utilizam a soja em pequenas quantidades, como condimento, e não como substituto para a proteína animal.
Mito: A soja fornece proteína completa.
Verdade: Como todas as leguminosas, a soja é deficiente em aminoácidos sulfurosos com a Metionina e a Cistina. Além disso, o processamento industrial desnatura a frágil Lisina.
Mito: Alimentos fermentados de soja podem fornecer a vitamina B12 para suprir as necessidades de dietas vegetarianas.
Verdade: O composto que lembra a vitamina B12 presente na soja não pode ser utilizado pelo corpo humano. De fato, alimentos provenientes da soja causam ao corpo uma necessidade maior de B12.
Mito: A fórmula nutricional para bebês feita de soja é saudável.
Verdade: Os inibidores enzimáticos da soja afetam a função pancreática. Dietas com elevado teor de inibidores de tripsina, quando testadas em animais, levaram a uma paralisia do crescimento e desordens do pâncreas. Soja aumenta a necessidade de vitamina D do corpo, necessária para o fortalecimento dos ossos e para o desenvolvimento em geral. O ácido fítico também reduz a absorção do ferro e do zinco, igualmente importantes para o desenvolvimento do cérebro e do sistema nervoso. E a megadose de fitoestrogênios na fórmula infantil de soja tem sido apontada como um dos fatores da tendência do desenvolvimento sexual prematuro das meninas e do retardamento do desenvolvimento sexual dos meninos.
Mito: Derivados de soja podem ajudar a prevenir a osteoporose.
Verdade: Derivados de soja podem causar deficiências em cálcio e em vitamina D, ambos necessários para a saúde dos ossos.
Mito: Derivados de soja protegem contra diversos tipos de câncer.
Verdade: Um estudo feito pelo governo britânico relatou que não existe qualquer evidência que a soja proteja contra o câncer de mama ou qualquer outro tipo de câncer. De fato, derivados de soja podem resultar num aumento do risco de câncer.
Mito: Derivados de soja protegem contra doenças de coração.
Verdade: Em algumas pessoas, o consumo de soja irá reduzir o colesterol, mas não há qualquer evidência que as doenças do coração estejam ligadas ao aumento do colesterol.
Mito: O fitoestrogênio da soja (isoflavona) é saudável.
Verdade: As isoflavonas são agentes que, em excesso, rompem o equilíbrio do sistema endócrino. Acrescentados na dieta, podem prevenir a ovulação e estimular o crescimento de células cancerígenas. Apenas 30 gramas de soja por dia pode resultar em hipotireoidismo com sintomas de letargia, constipação, ganho de peso e fadiga.
Mito: Derivados de soja são bons para as mulheres em seus anos pós-menopausa.
Verdade: Derivados de soja podem estimular o crescimento de tumores devido ao seu teor elevado de fitoestrogênio, além do já mencionado déficit no funcionamento da tireoide. Uma tireoide debilitada é associada com dificuldades na menopausa.
Mito: Os fitoestrogênios da soja podem melhorar a capacidade cerebral.
Verdade: Um estudo recente revelou que as mulheres com a maior quantidade de estrogênio em seu sangue apresentavam os menores níveis de função cognitiva. O consumo de tofu é relacionado com o crescimento da ocorrência da doença de Alzheimer em descendentes de japoneses.
Mito: A soja é boa para o meio ambiente.
Verdade: A maior parte da soja cultivada hoje em dia é geneticamente modificada, o que amplia o uso de pesticidas e polui a biosfera.
Mito: O cultivo da soja é um auxílio para os países subdesenvolvidos.
Verdade: Em países de terceiro mundo, o cultivo da soja toma o lugar dos cultivos tradicionais e transfere o valor adicional do processamento da população para as corporações multinacionais.
Conclusão
Sim, se você comer pequenas quantidades de produtos de soja orgânica em suas versões fermentadas, você pode colher alguns benefícios substanciais à saúde. É algo da Natureza que, quando devidamente preparado, pode ser alquimizado em algo benéfico.
Dicas finais:
– Não consumir mais do que 30g soja por dia – se tanto.
– Apenas as formas fermentadas – tempeh, miso, natto e molho de soja.
– Não é recomendável usar o leite de soja, pois é muito fácil consumir soja em excesso dessa maneira. Uma alternativa é o leite de amêndoa. Não tem tanta proteína, mas existem outras fontes.
– Comer apenas soja orgânica.
– Não recomenda-se isolado de soja como suplemento proteico. Uma proteína vegetal ótima pode ser uma mistura de proteína de arroz / ervilha.
Fonte: Site Pura Vida