Animais silvestres feridos em queimadas se recuperam no Centro de Fauna
As queimadas registradas no Tocantins são responsáveis por vários estragos ambientais, entre eles, os ferimentos em animais silvestres. Com o fogo nas matas, além de deixar espécies debilitadas por causa das chamas e da fumaça, alguns tentam fugir e acabam sendo atropelados nas rodovias. Os animais feridos são levados ao Centro de Fauna (Cefau) do Instituto de Natureza do Tocantins (Naturatins), em Palmas, onde recebem cuidados.
A preocupação dos profissionais aumenta nesta época do ano, já que o estado sempre está entre os que mais registram incêndios florestais. Em 2019 já foram mais de 7 mil focos. Com o aumento, cresce também o número de resgates. Só no primeiro semestre deste ano o Cefau recebeu 223 animais, sendo 37 mamíferos, 164 aves e 22 répteis.
São macacos, araras, tamanduás, raposas, entre outros. Cada um com uma história de superação e com chance de serem devolvidos à natureza. Um jabuti foi encontrado pelo Corpo de Bombeiros enquanto a equipe combatia um incêndio na região do distrito de Taquaruçu. Ele não sofreu ferimentos e foi liberado em um local seguro.
Warley Rodrigues, diretor de biodiversidade do Cefau, explica que animais que se movimentam devagar são ainda mais vulneráveis. “Essa época do ano, para esses animais que têm a mobilidade lenta, é muito complicado porque além dos incêndios que ocorrem, eles saem fugindo, acabam atravessando as pistas e são atropelados”, disse.
O fogo foi também causa de internação de um tamanduá-bandeira que recebe tratamentos no Cefau. Ele ainda se movimenta pouco por causa dos graves ferimentos. “Ele chegou bastante queimado por causa dos incêndios”. A expectativa é que o tamanduá volte para o cerrado.
Mas algumas espécies raras acabam não sobrevivendo. Neste ano, pelo menos duas onças morreram após serem atropeladas. Uma onça-pintada foi atingida por carro com cinco pessoas, entre Talismã e Jaú do Tocantins. Já a onça-parda foi encontrada morta entre Palmas e Porto Nacional. A suspeita é que os dois acidentes tenham acontecido por causa dos incêndios.
Os profissionais do Cefau, que oferecem todos os cuidados necessários aos sobreviventes, se alegram quando os bichos conseguem voltar para a vida selvagem. “Chega arrepia. Quando a gente vê que o bicho consegue voltar a sua vida normal, a vida livre mesmo, é muito gratificante porque é resultado de muito trabalho e tem muito esforço pelo meio. Dever cumprido!”, disse Warley Rodrigues.
Desde que o ano começou, o Tocantins registra mais de 7 mil focos de queimadas. O mês com maior número até o momento é agosto, que soma 2,9 mil. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
No estado, tradicionalmente, setembro costuma registrar mais ocorrências que agosto. Em toda a série histórica, que começou em 1998, setembro só teve menos incêndios florestais que agosto em um ano: 2016. Em todos os demais, o total foi superior.
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Fonte: G1