Em Pauta

Como é ser vegetariano em Goiás

Ser vegetariano em um estado com a cultura da carne tão forte como Goiás pode não ser fácil. A grande produção pecuária nessa região influencia naturalmente a culinária local e a dieta da sociedade. Não comer carne muitas vezes é visto como algo atípico, mas engana-se quem pensa que não há opções de restaurantes vegetarianos por lá.

O professor de história Ivan Vieira aderiu ao ve­getarianismo há 13 anos. Ele relata que o processo se deu de maneira gradual e os re­sul­tados em termos de saúde foram bastante positivos. No início, Ivan causou um “pe­queno choque” em seus parentes, uma vez que tradição familiar sem­pre foi o churrasco de domingo e era difícil para as pessoas pensarem em opções vegetarianas.

“O não consumo de carne ainda é considerado algo anormal, mas acho que o aumento no número de vegetarianos e veganos aos poucos desconstrói esse estranhamento e as pessoas ficam mais à vontade conosco, mesmo achando no seu íntimo que não comer carne faz mal à saúde”, aponta o historiador. Ao serem perguntados sobre opções sem carne, atendentes de lanchonetes e bares estão cada vez menos respondendo com opções de frango ou peixe. Paulatina­mente, tem-se tomado conhecido acerca deste estilo de vida e, com isso, as alternativas estão se expandindo.

O Sheng Ye, por exemplo, é um restaurante administrado por uma família de taiwaneses radicada no Brasil há quase 20 anos. De acordo com Chen Yuchi, a ideia surgiu a partir da paixão pelos animais e da preocupação com o meio ambiente. Vale ressaltar o impacto ambiental causado pela produção bovina, sendo uns dos principais poluentes da Terra, além de desperdiçar grandes quantidades de água e provocar desmatamento. A culinária é majoritariamente asiática, mas adaptada à realidade brasileira, servindo feijão no buffet e até mesmo brigadeiro de sobremesa.

Especializada em sanduíches vegetarianos e veganos com hambúrgueres feitos de soja ou falafel, a La Bottega dell’Arte funcionava também como um estúdio de tatuagens. Contudo, os tatuadores, que fundaram a casa, estão se mudando para a Alemanha e a  lanchonete terá sua capacidade ampliada e passará a atender também no horário de almoço. Pai de um dos idealizadores, Lúcio da Costa está assumindo a gestão da La Bottega e admite que o público vegetariano sofre por falta de opção em Goiânia. “É algo muito difícil em Goiás. Uma das razões da minha filha ter criado o restaurante é justamente essa”, afirma.

O Loving Hut, outro exemplo, é uma franquia internacional de restaurantes exclusivamente veganos espalhados por todo o mundo. No Brasil, são três: dois em São Paulo e um em Goiânia, fundado em 2010. Para a chefe de cozinha e sócia do local Solange Alves, o veganismo está aumentando em Goiás, mas investir neste tipo de negócio ainda é “remar contra a maré”. Ela ressalta que o restaurante não foi criado com o intuito de simplesmente vender comida e ganhar dinheiro, e sim para difundir a ideologia vegana.

Fonte: Jornal Opção

 

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