10 atletas veganos que quebram estereótipos
Muitas pessoas acreditam que uma dieta vegetariana estrita ou uma filosofia de vida vegana podem prejudicar a prática de musculação ou de outros esportes. Por isso, se afastam da ideia de não consumir carne, convencidos de que necessitam das proteínas de origem animal. Entretanto, o número de atletas e bodybuilders veganos cresce a cada dia e, muitos, inclusive, atestam que tiveram um grande aumento no desempenho após cortarem produtos de origem animal.
Confira essa lista de praticantes de musculação vegana que quebram todo tipo de estereótipo:
1 – Jon Venus
Jon é um bodybuilder vegano bem popular, conhecido principalmente por seu canal no Youtube e seu perfil no Instagram. Ele usa as redes sociais para divulgar informações nutricionais, físicas e de estilo de vida de uma maneira inspiradora e divertida. Além disso, Jon tem uma série de vídeos, planos de treino, receitas e orientações sobre musculação vegana. Acompanhe Jon em sua jornada clicando aqui.
2 – Brian Turner
Nascido na Califórnia, o bodybuilder de menos de 25 anos de idade já segue uma dieta sem produtos de origem animal por mais de 9 anos. Brian possui um canal no Youtube com quase 300 mil seguidores onde ele procura “se relacionar, ensinar um pouco e se divertir muito” com seu público.
3 – Vegan Gains
Richard Burgess, também conhecido como Vegan Gains é uma sensação no Youtube. Em seu canal, com mais de 300 mil seguidores, o canadense mostra como é possível ser vegano e bodybuilder, compartilhando dicas de treino e receitas.
4 – Nimai Delgado
Nimai Delgado é mais um fisiculturista extremamente forte e saudável. O ¨monstro vegano¨, membro da Federação Internacional de Bodybuilding (IFBB), documenta toda sua jornada em seu canal no Youtube, onde compartilha várias dicas com seus seguidores, inclusive a sua rotina de exercícios. Delgado acredita em manter a força e a flexibilidade, e não apenas em ganhar massa muscular para fins estéticos.
5 – Torre Washington
Torre Washington é vegano há quase 20 anos. O fisiculturista recebe 100% de seus nutrientes, vitaminas e proteínas de sua alimentação, totalmente livre de qualquer suplemento. Além de um canal no Youtube, Torre possui um site com muita informação para quem quer seguir o veganismo e praticar musculação.
6 – Arvid Beck
Arvid é um fisiculturista vegano da Alemanha. Sua decisão de tornar-se vegano baseou-se em questões éticas e morais. O alemão é campeão de musculação, redefinindo o que significa ser um gladiador. Acompanhe a jornada de Arvid pelas sua rede social.
7 – Samantha Shorkey
Samantha Shorkey tem um blog bastante popular chamado de “Jacked On The Beanstalk”, onde trata de assuntos relacionados a saúde e ao mundo fitness. Além disso, Samantha escreve também sobre os motivos que a levaram a se tornar vegana e como o veganismo a ajudou a se tornar bem sucedida. Em 2014, ela ficou em primeiro lugar geral do Campeonato Natural do Sudoeste de Autin, Texas, organizado pela International Natural Bodybuilding and Fitness, a primeira atleta vegana a conquistar o título.
8 – Crissi Carvalho
Além de praticar musculação vegana, Crissi Carvalho é modelo, dá treinamentos online e offline sobre veganismo e musculação, é diretora do Vegan Fitness International Group, estilista do Vegan Fitness Body, autora de livros e ebooks sobre veganismo e muito mais. Crissi tornou-se vegana aos 38 anos de idade e hoje realiza um grande trabalho compartilhando o conhecimento que obteve ao longo dos anos. Confira mais sobre seu trabalho aqui.
9 – Ryan Nelson
Ryan é atleta, amante dos animais e fanático pela alimentação vegana. O fisiculturista vegano, patrocinado pelo Posha Green, sonha em inspirar as pessoas a alcançarem seus objetivos na musculação, em sala de aula, nos esportes e na vida. Em seu site, oferece programas de treinamento online e offline.
10 – Patrik Baboumian
Patrik é iraniano, alemão, vegano e veio para esmagar qualquer tipo de estereótipo. É conhecido como um “gigante” gentil, pois sua preocupação com o bem-estar dos animais o inspirou a se tornar vegano e a promover esta dieta por meio de seu sucesso pessoal. Veja mais sobre esse “monstro da musculação” vegana aqui.
Bônus – entrevista com Felipe Garcia do Carmo
Felipe Garcia do Carmo, mais conhecido como “Fefeu”, superou preconceitos e rompeu barreiras, ao optar por uma dieta vegana no meio fisiculturista. Ele, que anteriormente comia 20 claras de ovos diariamente, venceu o Campeonato de Fitness e Musculação de Mairinque na categoria Class 1, para atletas acima de 1,79, apenas com a força dos vegetais.
Dá pra ficar fortão sem se entupir de peito de frango e clara de ovo?
Com certeza! Sou a prova viva disso, afinal eu era um atleta fisiculturista que consumia 20 claras de ovos e 1 kg de peito de frango por dia, há mais de dois anos. E hoje estou aqui, vegano, com muito mais qualidade e quantidade em volume muscular que antigamente.
Pelo nível de compromisso e força de vontade exigidos, competir profissionalmente é sempre muito difícil, e ser o destaque como primeiro lugar no palco é para poucos. O que o motivou a atingir este resultado?
Nível competitivo, seja amador ou profissional, não é fácil. E o fisiculturismo exige uma disciplina e dedicação extrema, afinal somos nosso próprio adversário durante toda a preparação. Me preparei para a competição com a ideia de ficar entre os três primeiros colocados, pois a vontade maior em meu coração não era ganhar simplesmente um troféu, e sim levar a bandeira do veganismo para que todos pudessem ver que nossas proteínas vegetais são similares e competentes às proteínas animais, com a diferença de não financiarmos a morte de nossos irmãos para esse feito. Desse modo, ficar entre os melhores da categoria daria essa visibilidade maior ao veganismo, e quebraria de vez o preconceito e o mito das proteínas vegetais, assim como o mito de que fisiculturista vegano não é capaz de competir com fisiculturistas onívoros.
Que dica de nutrição você daria para alguém que está pegando pesado na academia, mas que não quer ingerir proteínas através da carne, leite ou ovos?
A dica que dou é que consuma durante a semana todas as fontes proteicas como feijão, lentilha, grão de bico, tofu, pts, soja, tempeh. Consuma carboidratos bons, como arroz, batatas, mandioca, frutas, legumes e verduras em geral, oleaginosas como castanhas, nozes, amendoim, amêndoas, entre outros, e fibras e cereais como linhaça, aveia, chia, entre outros.
Por que você resolveu tornar-se vegano?
Um dia vi uma foto em uma rede social, postagem da Luisa Mell, que mostrava a tristeza de um cão filhotinho e o olhar de desilusão de sua mãe presa a uma jaula, que posteriormente iria ser abatida. Aquela imagem me perturbou, me pegou de jeito. O rostinho da mãe e seu olhar me trouxeram lembranças de um cachorrinho que tive e que infelizmente foi atropelado na minha frente, por imprudência da minha parte. Levei ele ao veterinário ainda com vida, e deitadinho no colo da minha mãe, que me ajudou com o socorro, ele me olhava triste, e esse foi o mesmo olhar da mãe presa a jaula. Isso me fez chorar demais quando vi a imagem na rede social. Fiz a ligação com o meu cachorrinho. Isso bastou para mim. Chorei demais e refleti sobre aquilo, até que cheguei a conclusão que mudou minha vida para melhor: ‘Se eu amo uns, por que como outros?’ Desse dia em diante, decidi não comer mais carne. E assim foi. Virei ovolacto-vegetariano por apenas três semanas e logo parti para o veganismo, pelo amor aos animais, por sentimento. Atualmente luto não só pelos animais, mas pelos humanos e por um mundo melhor a todos!
Quais tipos de preconceitos você enfrentou, e ainda enfrenta, ao declarar-se vegan no meio do fisiculturismo?
Sofri bastante preconceito no início, dos colegas do meio fisiculturista, pois para eles, era um absurdo um vegano ganhar músculos ou definir comendo carboidratos em grande quantidade, já que os alimentos proteicos são acompanhados desse nutriente. Mas eu não dei ouvidos, segui minha razão e meu coração. Estava disposto a largar mão de tudo pelo veganismo, independentemente se essa decisão iria comprometer minha carreira como atleta. Mas os resultados começaram a surgir e a surpreender ao colega mais cético da academia. Viram ao vivo que é possível ser um atleta fisiculturista e que nossas proteínas e nosso estilo de vida são compatíveis em qualquer modalidade. Isso fez com que o tabu fosse quebrado e o respeito e admiração surgissem, afinal passei a ser referência, dentro e fora da academia. Entrava um aluno novo e já me apontavam dizendo que eu era vegano(risos).
Você considera ser mais difícil ganhar massa muscular com uma dieta vegana?
Pelo contrário. Em meu primeiro campeonato subi no palco com 80 kg (onívoro). Anos depois, como vegano, disputei outro campeonato depois de Mairinque e subi no palco com 91 kg, muito mais definido e com muito mais volume do que antes. Como digo a todos, proteína é proteína!
Conte-nos um pouco sobre a sua preparação e rotina de treinos.
Meu planejamento é anual. Divido em três ciclos as fases de dieta e treino durante o ano:
Seis meses de ganho de massa muscular – hipertrofia; dois meses de treinamento de força e potência; quatro meses de dieta para definição. Em fase da dieta para definição, incluo a pré-dieta, na qual corto alimentos com glúten e consequentemente lanches e pizzas, durante um mês. Mantenho o treinamento igual a fase de hipertrofia, porém uso princípios de treinamento que vão envolver um número maior de fibras musculares, aumentando assim a qualidade da musculatura, vaso dilatação e o estímulo da lipólise, que é a queima de gordura. No mês seguinte entro na dieta restrita, onde escolho os alimentos certos que respondem melhor ao meu organismo e diminuo gradativamente o carboidrato, aumentando progressivamente a proteína, para evitar o catabolismo, perda de massa magra. No terceiro e último mês começo a me preocupar com a quantidade calórica do meu dia-a-dia, assim como o tipo de carboidrato a ser consumido. Geralmente ‘caso’ com dois tipos de carboidratos durante o dia, como por exemplo, arroz e banana. E nos últimos 15 dias dou uma atenção especial ao sódio, potássio, magnésio e cálcio, minerais que, manipulados corretamente, surpreendem nos resultados no dia da competição. Os treinos se mantêm na mesma configuração, apenas ajusto de acordo com o músculo que está menos desenvolvido ou que está um pouco mais ‘retido’, variando algum exercício ou aumentando o numero de repetições. Exercícios aeróbios para auxiliar na lipólise, queima de gordura, executo duas vezes na semana em jejum por no máximo 20 minutos e duas a três vezes na semana logo após o treinamento com pesos. Isso já é o suficiente para que os resultados apareçam no decorrer dos meses!
Fonte: Site Awebic